Mercado imobiliário abranda, mas preços das casas não baixam, que se deve , por um lado à escassez da oferta e do elevado interesse dos estrangeiros por Portugal, que pressiona os preços, bem como, pelo aumento dos custos de construção e da subida dos juros, o que gera uma preocupação no setor.
Para quem está a pensar em comprar casa e beneficiar de uma descida dos preços devido à atual conjuntura económica, as notícias não são animadoras. O mercado já começou a dar sinais de abrandamento, movimento que se poderá agravar na reta final do ano e em 2023, mas nada aponta para uma descida nos valores, dizem os agentes do setor imobiliário. Eventualmente, poderá ocorrer uma estabilização em algumas zonas do país. O que também não é líquido, dada a elevada procura por parte das famílias portuguesas e a escassez de oferta, a que se soma o elevado interesse dos estrangeiros por Portugal.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística são ilustrativos da perda de dinâmica do mercado residencial. Em junho deste ano, registou-se uma quebra de 7,6% no número de transações, o que já não sucedia desde fevereiro de 2021. Também as avaliações bancárias para efeitos de crédito à habitação caíram em agosto pelo terceiro mês consecutivo. O Banco de Portugal deu ainda nota que, em agosto, o crédito à habitação registou o primeiro abrandamento em quase dois anos. São sinais de algum arrefecimento do mercado, do lado da procura. Tudo porque o custo de vida disparou e as taxas Euribor não param de aumentar.
Ainda assim, os operadores imobiliários estão otimistas. Para já, o setor apresenta números recorde e um abrandamento não é sinónimo de travagem. Nos primeiros seis meses do ano, foram vendidas mais de 87 mil casas (um crescimento de 14% face ao homólogo de 2021), por um valor global superior a 16 mil milhões de euros (mais 31%). Os racionais do negócio não se alteraram, dado que se mantém o cenário de procura elevada face a uma oferta limitada.
In.: Dinheiro Vivo, 10 Outubro, 2022.